Divórcios aumentam em Mogi das Cruzes
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011Um total de 2.202 casais se divorciou oficialmente no ano passado no Alto Tietê. O dado representa um aumento de 46% em comparação com as estatísticas de 2003, quando foram registrados 1.506 divórcios na Região. O número de casamentos foi bem mais expressivo, com 8.851 registros em 2010, enquanto em 2003 as novas uniões somaram 7.570 casos. Isso indica que os matrimônios cresceram em proporção bem menor do que os divórcios, sendo que os casamentos aumentaram apenas 16,9% no período.
A cidade Mogi das Cruzes não acompanhou a tendência regional. A Cidade registrou um cenário bastante peculiar, já que casamentos e divórcios subiram em proporções extremamente semelhantes, com aumentos de 31,17% e 31,77%, respectivamente. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem os novos números referentes ao Registro Civil em todo País.
A pesquisa do IBGE traz os dados atualizados para 2010 e também dos anos anteriores, até 2003, quando a tabulação foi modernizada. As estatísticas abrangem todos os municípios brasileiros que possuem cartórios de Registro Civil. No Alto Tietê, a única cidade que ficou de fora do estudo foi Biritiba Mirim, que não conta com o serviço (confira quadros nesta página com os dados específicos para cada município). Os dados revelam que Mogi das Cruzes apresentou o maior número de divórcios da Região, com 622 encerramentos de processos em 1ª instância. O número é 31,77% maior do que o registrado há sete anos, quando 472 casais mogianos oficializaram o rompimento. Já os novos casamentos saltaram de 2.088 em 2003 para 2.739 em 2010, em um aumento de 31,17%.
Proporcionalmente, o município que apresentou maior crescimento de divórcios foi Arujá, com 245% de crescimento, pulando de 42 casos em 2003 para 145 no ano passado. Logo em seguida, aparece Itaquaquecetuba, com 576 casais desquitados em 2010 e 247 em 2003, em um aumento de 133,19%. Em Ferraz de Vasconcelos, o crescimento foi de apenas 10,04%, com um salto de 209 para 230 registros no período. O caso mais curioso é o de Poá, que obteve queda nas separações, ao contrário das estatísticas de todo o restante dos municípios da Região. De acordo com o IBGE, a cidade registrou 197 encerramentos de processos de divórcio em 1ª instância em 2003 e 188 no ano passado. A queda foi de 4,5%.
Curiosamente, o maior aumento no número de casamentos ocorreu também em Arujá. As uniões subiram de 407 para 551 entre 2003 e 2010, em um crescimento de 35,38%. Em Santa Isabel, as estatísticas foram semelhantes, sendo que o crescimento no período foi de 34,20%. Guararema e Salesópolis também registraram aumentos parecidos, com índices de 28,34% e 28,7%, respectivamente. Em Suzano, os casamentos cresceram apenas 3,44%, sendo que as uniões passaram de 1.392 em 2003 para 1.440 em 2010. Itaquaquecetuba registrou uma queda tímida de 0,99%, sendo que os matrimônios passaram de 1.509 para 1.494 no período.
O sociólogo Afonso Pola explica que o crescimento do número de divórcios está diretamente relacionado ao processo de urbanização do País nas últimas décadas, que teve grande influência no comportamento social. Para o especialista, o fenômeno também pode ser explicado pelas transformações pelas quais a sociedade passou nos últimos anos, especialmente a partir da década de 1980, quando as separações foram legalizadas. “Mesmo naquela época, uma mulher que assumia a condição de divorciada era vítima de preconceito e discriminação porque as aceitações sociais eram muito pequenas. Com as mudanças de valores, o divórcio passou a ser tranquilamente assimilado”.
A pedido de O Diário, o padre Claudionir Braga, pároco da Catedral de Santana, também analisou os dados divulgados ontem pelo IBGE. O religioso atribuiu o aumento de divórcios a mudanças de valores sociais que, segundo ele, também tem diminuído o número de casamentos na Igreja. O padre lembrou, ainda, que atualmente, a sociedade brasileira é plurireligiosa e que várias doutrinas aceitam as separações de casais, ao contrário do catolicismo. “Há uma série de fatores que, infelizmente, levaram a este tipo de realidade. A Igreja é fiel à doutrina e é um princípio ter o matrimônio como sacramento”.
Casamentos
O sociólogo Afonso Pola atribuiu o aumento de casamentos à atual formação da pirâmide etária brasileira, que tem um número muito grande de pessoas entre a juventude e o início da vida adulta. “Essa parcela da população coincide com as pessoas em idades que estão mais pretensas ao casamento nos dias de hoje”.
Fonte: Diário de Mogi