Falta de verba deixa obra inacabada em Mogi das Cruzes
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012Faltou dinheiro em guia Mogi das Cruzes. Este foi o motivo pelo qual o viaduto Professor Argeu Batalha, de Braz Cubas, ficou inacabado. O projeto original previa a construção de uma alça, que daria entrada para a Avenida Francisco Ferreira Lopes e permitiria o fechamento da cancela da Avenida Valentina Melo Freire Borenstein. A obra iniciada no último ano de governo do ex-prefeito Waldemar Costa Filho foi inaugurada em 2001, por seu sucessor, Junji Abe (PSD). Porém, em razão das dificuldades orçamentárias, o acesso nunca saiu do papel e até hoje os mogianos continuam convivendo com os inúmeros transtornos causados pela passagem de nível.
Os motivos que levaram à entrega do viaduto sem a construção da alça de acesso foram questionados na manhã da última segunda-feira, durante reunião realizada na Câmara de Mogi, para discussão de possíveis soluções para as passagens de nível da Cidade. Na ocasião, nem os vereadores presentes nem o secretário municipal de Transportes, Carlos Nakaharada, souberam precisar os detalhes da obra. A reportagem de O Diário consultou o engenheiro Jamil Hallage, ex-secretário municipal de obras, e o próprio ex-prefeito Junji Abe, que relembraram a história e esclareceram a situação.
Jamil Hallage conta que o viaduto começou a ser construído em 2000, no fim do quarto mandato de Costa Filho. O ex-prefeito conseguiu recursos federais para levantar a estrutura, porém o Município deveria arcar com um montante bastante expressivo. E foi por este motivo que a obra, de responsabilidade da construtora OAS, não foi concluída naquele ano. “Fizemos toda a estrutura de concreto. O viaduto foi levantado até a colocação das vigas. Mas, àquela altura do governo, as verbas estavam curtas e não foi feita a laje de piso, que é a pista de rolamento dos veículos. Essa parte foi concluída no ano seguinte, já no mandato do prefeito Junji Abe”.
Em entrevista a O Diário, o deputado federal Junji Abe explicou que Waldemar Costa Filho não terminou a obra em razão das exigências da lei de responsabilidade fiscal, que começou a vigorar justamente naquele ano, a partir do mês de maio. “O prefeito Waldemar não pôde concluir porque o orçamento daquele ano se esgotou e, portanto, se esgotaram os recursos. No ano seguinte, com a nossa chegada, com um novo orçamento, nós pudemos realinhar tudo e terminar a obra, que foi construída com recursos federais e uma contrapartida do Município”, recorda-se.
Junji relembrou que a alça prevista no projeto original não foi construída justamente em razão da falta de recursos. Porém, ele destacou que, além da questão econômica, havia outro entrave, de ordem prática, para a construção da estrutura. O deputado esclareceu que já naquela época havia um consenso de que o acesso não resolveria os problemas de trânsito da Avenida Francisco Ferreira Lopes, que é a via mais movimentada da Cidade. “Entendíamos que essa alça iria inviabilizar mais ainda o trânsito nessa avenida que é a principal ligação de Mogi com Suzano. Por este motivo, acredito que a solução para o enorme fluxo de veículos existente naquela região seja o prolongamento da Guilherme Giorgi”.
Alça
A reportagem de O Diário esteve ontem no viaduto. O local de onde a alça deveria sair é facilmente identificado, já que o início do acesso chegou a ser construído, de forma a possibilitar uma eventual continuidade da obra. A saída está fechada pelos muros de contenção, porém, pode ser identificada pelos motoristas mais atentos.
De acordo com o engenheiro Jamil Hallage, a alça sairia direto na Avenida Francisco Rodrigues Filho, no sentido Suzano, o que possibilitaria o fechamento da cancela da Valentina Melo Freire. Já para a direção contrária, o projeto não previa um novo acesso. Os motoristas que quisessem acessar a Perimetral teriam de subir o viaduto pela Avenida Henrique Peres, por meio de uma rotatória que precisaria ser projetada no cruzamento com a Rua Guttermann.
Inauguração
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Marcos Damásio, é morador de Braz Cubas e acompanhou a construção do viaduto. Na época vereador, ele conta que a entrega da obra foi um grande marco para o Distrito e que a cerimônia de inauguração contou, inclusive, com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Realmente, ficou faltando a alça de acesso. Porém, mesmo assim, a obra foi uma grande conquista para Braz Cubas. Eu me recordo que a inauguração foi uma grande festa, muito concorrida, e que a população compareceu em peso”.
Fonte: Diário de Mogi