Comissão defende nova auditoria em Mogi das Cruzes
quarta-feira, 14 de março de 2012A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo protocolou ontem à tarde requerimento para que uma nova auditoria seja realizada no Hospital do Câncer “Dr. Flávio Isaias Rodrigues”, em guia de Mogi das Cruzes. O pedido será encaminhado pelo grupo parlamentar à Secretaria de Estado da Saúde nos próximos dias. Os deputados decidiram também chamar representantes da Pasta estadual, os auditores responsáveis pela última inspeção no Centro Oncológico e diretores da unidade médica para uma nova reunião na Capital, em data ainda indefinida.
As decisões foram tomadas durante reunião da Comissão, acontecida na tarde de ontem no Plenário Teotônio Vilela, e quase inteira dedicada ao hospital mogiano. Além do grupo legislativo, incluindo os deputados que integrama a Frente Parlamentar do Alto Tietê, o encontro teve a participação do diretor clínico do Centro Oncológico, Flávio Isaias Rodrigues, de Daniel Grabarz, responsável pelo Departamento de Pesquisas Médicas, Álvaro Rodrigues, gerente administrativo e Ricardo Mota, titular do Departamento de Cirurgias Oncológicas, e de pacientes da unidade de saúde.
O objetivo era discutir a situação do hospital que, segundo auditoria realizada pela Secretaria de Estado da Saúde e divulgada em janeiro passado, teria uma série de irregularidades como a duplicidade de cobrança em procedimentos, conduta exacerbada – quando a equipe médica age sem consentimento do paciente – e o uso de placebo em alguns tratamentos oncológicos. As falhas podem levar ao descredenciamento do hospital do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante pouco mais de duas horas, deputados e integrantes da diretoria administrativa do hospital discutiram o relatório resultante da auditoria. “Sei das dificuldades de controle, de confrontar a tabela com os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e de planos privados, mas o que não pode é destruir a imagem do hospital perante a opinião pública”, salienta o deputado estadual Edinho Silva (PT), que integrou os trabalhos na mesa.
Para Edmir Chedid (DEM), a melhor alternativa é notificar à Secretaria de Saúde para que seja realizada uma nova auditoria no hospital. “É preciso que isso aconteça para que a administração dê as suas explicações e, assim, seja realizada uma nova auditoria no centro”, sugeriu a ideia, posteriormente aceita pelos outros parlamentares e protocolada pela Casa Legislativa.
De acordo com Grabarz, a unidade hospitalar não cobrou duas vezes pelos procedimentos médicos em pacientes internados no centro e afirma que todos eles assinaram os prontuários, o que demonstram que tinham conhecimento do tratamento pelo qual passavam. “É regra que este termo de consentimento seja elaborado em duas vias e todos assinaram. Além disso, em relação ao protocolo usado para dar sobrevida aos pacientes (placebo), 25 instituições pelo mundo utilizam e nove no Brasil também, é algo permitido”, destaca mencionando o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e Centro de Estudos da Faculdade de Medicina do ABC.
Os parlamentares decidiram também realizar uma nova sessão (a provável é o próximo dia 27), para um encontro entre a diretoria do hospital, representantes da Secretaria de Estado da Saúde e os auditores responsáveis pela inspeção que aponta problemas administrativos. A princípio, as partes serão convidadas para prestar esclarecimentos.
Também presente ao evento, o vereador Jolindo Rennó (PSDB) disse que o processo parece ser “perseguição”. “Pela forma como foi conduzido, faltou transparência”, disse.
Após a sessão, o deputado Luiz Carlos Gondim (PPS) – integrante da Comissão – disse que a Comissão quase sofreu com a falta de quorum. “O PSDB esvaziou aqui para não dar quorum. Os deputados deles estiveram aqui para não ser possível isso. Não é essa briga que nós queremos”, destaca.
O presidente do grupo parlamentar, o deputado Marcos Martins (PT), afirma que o objetivo é contribuir para solucionar o problema em relação ao hospital. “Se há problemas, eles devem ser resolvidos, mas é preciso chegar a uma solução para não prejudicar a população daquela Região”, finaliza.
Fonte: Diário de Mogi
Trabalhei no Centro Oncológico e tive contato com todos da administração, funcionários e pacientes. Não acredito que tenha ocorrido as ilegalidades que estão acusando, pois tratam-se de pessoas que têm muito amor no que fazem e muito respeito e responsabilidade pelos pacientes. O Estado está querendo condenar os pacientes à morte, descredenciando o hospital.