Mogi das Cruzes recicla menos de 2% do lixo coletado nos bairros
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013A coleta seletiva ainda é um desafio para a maioria das cidades e em Mogi das Cruzes não é diferente. O número de pessoas que separa o lixo em casa ainda é pequeno: o município mogiano recicla menos de 2% dos resíduos coletados nos bairros.
Segundo a CS Brasil, empresa responsável pela coleta e destinação no município, os bairros que mais reciclam são Aruã, Mogilar e Vila Oliveira. Das 290 toneladas recolhidas por dia, apenas 4,6 são de materiais recicláveis, de acordo com a prefeitura de Mogi das Cruzes. Apesar disso, o serviço de separação e venda do lixo seco gera 24 empregos. Os funcionários, que têm carteira assinada, trabalham em um centro de triagem na Vila São Francisco.
A coleta seletiva é feita uma vez por semana na parte da manhã e da noite em todos os bairros da cidade, conforme um cronograma feito pela prefeitura. O gasto mensal da prefeitura com a coleta e destinação final do lixo gira em torno de R$ 1,4 milhão. Este é o valor pago à empresa contratada para prestar o serviço na cidade de Mogi das Cruzes.
Bairro a bairro
Toda quinta-feira a rotina da dona de casa Maria das Graças da Silva começa cedo, às 7h30. A primeira obrigação do dia é colocar na porta de casa os cerca de seis sacos de lixo reciclável, porque este é o dia da coleta seletiva no Jardim Layr, onde ela mora. O caminhão passa ainda de manhã. “Comecei a separar o lixo em casa já há dois anos como uma forma de ajudar quem tem no lixo seco uma forma de sobrevivência.”
Hoje as caixas de leite, as garrafas PET e qualquer embalagem são jogadas por toda a família em um cantinho especial da casa. “Antes ninguém tinha o pensamento de separar o lixo. Agora o pessoal já sabe onde tem que jogar as embalagens. Criei um canto especial para o lixo reciclável no quintal”, conta Graça. Moradora do bairro há 34 anos, a dona de casa é a única da Rua José Caporalli a separar o lixo doméstico. “Pouca gente aqui no bairro faz isso é difícil essa conscientização. Na minha rua acho que sou a única que coloco as sacolas quinta-feira de manhã.”
Para que a coleta seletiva fosse até a sua casa, a tarefa não foi tão fácil. Apesar da prefeitura prestar o serviço, o caminhão de coleta só passava em algumas ruas do bairro. Foi preciso fazer plantão no portão de casa para ter o lixo seco recolhido. “Fiquei de plantão bem cedinho em frente de casa para que os lixeiros me vissem. Acho importante esse trabalho e valorizo porque é uma forma de beneficiar a natureza e você mesmo. Depois que comecei a reciclar aprendi que separar o lixo seco é muito prazeroso e pode ser transformado em coisas maravilhosas”, diz Graça.
O sorveteiro José Heleno da Silva mora no bairro Jardim Aeroporto III e, por semana, para produzir os picolés caseiros, ele utiliza cerca de 40 sacos de leite.
O problema é que na rua onde ele mora o caminhão de coleta seletiva nunca passou, apesar de o bairro estar no cronograma da prefeitura. “Cheguei a colocar várias vezes os sacos com material separado, mas nunca pegavam. Uma época ainda tinha um senhor catador de rua que levava os recicláveis. Agora, mesmo não gostando, sou obrigado a jogar tudo misturado para ser recolhido com o lixo normal.”
Além dos plásticos de leite, o vendedor também junta os palitinhos e as embalagens de sorvete que são jogados fora pelos clientes. “A gente quer fazer, mas não tem jeito. Como não tenho carro não posso nem levar o material que gostaria de separar para os dois Ecopontos da cidade”, afirma Silva.
A CS Brasil disse que a coleta seletiva está regularizada tanto no Jardim Aeroporto III quanto no Jardim Layr e que é feita em todas as ruas, uma vez por semana, conforme critérios de frequência e regularidade definidos pela prefeitura.
Fonte: G1