Poluição é maior perto de empresa em Mogi das Cruzes
sexta-feira, 26 de agosto de 2011O guardião do flutuador, Dan Robson, continua seu percurso para avaliar os índices de oxigênio encontrados ao logo do Rio Tietê. Ontem, no quarto dia de viagem, a expedição navegou por 9 km, ainda por águas de guia da cidade Mogi das Cruzes. Os níveis foram semelhantes aos encontrados em 2009, mas um ponto, próximo ao Distrito de César de Souza, chamou a atenção da equipe.
Logo no início da expedição, pouco antes da Gerdau (antiga Aços-Villares), o flutuador registrou 5,6 mg/l, índice considerado bom. Passando a empresa, baixou para 5,4 mg/l, mas ainda continuou bom até as proximidades da Avenida João XXIII, em César de Souza, quando o flutuador marcou 4,4 mg/l, o que é avaliado como ruim.
Um dos pontos mais críticos ficou nas proximidades da indústria Griffith, no mesmo Distrito. Apesar de um trecho com forte cheiro adocicado, como comentou Dan, e a coloração preta da água, o diretor da fábrica de insumos alimentícios, Airton Almeida, diz que não é responsável pela poluição do Tietê naquele trecho. “O setor que faz o despejo no rio está parado há duas semanas. Não estamos fazendo nenhum tipo de descarte”, conta ele, explicando que o líquido é resultado do processamento de algas marinhas, mas que recebe tratamento antes de ser despejado no rio. “Este é o único setor da empresa que faz o descarte no Tietê, mas está parado por causa da demora do navio e da grande quantidade de produtos que chegam ao Porto de Santos, que acabam atrasando nosso fornecimento”, conta ele, enfatizando que a empresa possui uma estação de tratamento própria.
Pouco mais à frente, na parte do rio que passa na lateral do Parque Centenário, a água já estava boa novamente, com índice de 5,15 mg/l, mas voltou a cair na região da ponte da Avenida Francisco Rodrigues Filho, quando fechou em 5 mg/l, no limite entre bom e ruim.
Já os níveis registrados na segunda parte do trajeto não foram bons. Segundo Dan Robson, a quantidade de lixo encontrada começou a aumentar e o flutuador constatou queda no nível de oxigenação do Tietê. O dia terminou na Rua José Meloni, próximo ao Hospital Luzia de Pinho Melo, com o índice de 4,1 mg/l, o que é considerado ruim, mas já era previsto pela expedição.
O ecoesportista Dan Robson diz que o percurso foi mais tranquilo do que o da quarta-feira. “Os aguapés que encontramos pelo caminho estavam nas margens do rio e não impediram a passagem do caiaque”, conta. Ele novamente elogia a limpeza no trecho do manancial que passa pela Cidade. “Na primeira expedição, em 2009, fui pegando bolas de futebol, de golfe e muitas garrafas plásticas. Agora, quase não vejo essas coisas por aqui”, conta ele, dizendo que a população “está de parabéns”.
O fato de os níveis permanecerem quase iguais aos da última medição lhe causou certo espanto. “Os registros foram bem parecidos com os de 2009. A diferença é que agora o rio está em média 2 metros mais alto, o que dá mais vazão e faz o nível de oxigênio da água subir”, conta Dan. Ele ainda diz que se o nível da água fosse o mesmo de dois anos atrás, a quantidade de oxigênio seria bem menor.
O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) diz que o reservatório de Ponte Nova foi aberto no início do período de estiagem, em maio deste ano, quando operava com 98% de sua capacidade. Por conta dessa abertura, a barragem trabalha hoje com 85% de capacidade e é preciso continuar baixando para a chegada do período das chuvas.
A expedição Tietê às Claras, desenvolvida pela TV Globo em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP), será finalizada no próximo dia 22, quando chega a Barra Bonita, no Interior do Estado. O flutuador irá registrar os índices de oxigenação em mais de 500 km do Tietê, o que representa pouco menos da metade dos seus 1,1 mil km de extensão. Hoje, o ecoesportista parte da ponte sobre a Rua José Meloni, próximo ao Hospital Luzia de Pinho Melo e percorre até as proximidades da divisa entre Mogi das Cruzes e Suzano.
Fonte: O Diário de Mogi