Qualidade da água comprometida em Mogi das Cruzes
quinta-feira, 22 de março de 2012Os dados oficiais da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) confirmam a triste realidade das águas do Rio Tietê: praticamente não houve mudança na qualidade do recurso hídrico nos últimos cinco anos. E o pior, nem nas proximidades da nascente, a água está tão pura quanto deveria estar.
A gerente do setor de Águas Superficiais da Cetesb, Claudia Lamparelli, explica que os resultados do monitoramento feito no Rio mostram que, mesmo nos pontos de coleta mais próximos à nascente, os indicadores não são de uma água de ótima qualidade. “Temos, ao longo do Estado, 22 pontos de amostragem. Nosso monitoramento é feito a cada dois meses, de onde tiramos o balanço anual. Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes têm registrado um índice bom de qualidade, mas depois de Suzano o trecho fica ruim, ou péssimo, até a cidade Botucatu, passando ainda pela Região Metropolitana”, ilustra. O índice citado mede a oxigenação da água, vital para existência de vida aquática.
Se por um lado o fato do Rio Tietê não registrar nenhum avanço nos últimos possa indicar um atraso nos projetos de despoluição, a estagnação no índice de qualidade das suas águas também pode ser avaliada como um aspecto positivo, segundo a bióloga. “Se você considerar o aumento da população, ela poderia até ter piorado por conta da maior pressão sobre o rio, o que não aconteceu”, fala. Para a representante da Cetesb, “é difícil prever que o Tietê volte a ficar limpo novamente”. Apesar das ações realizadas, ainda há um longo caminho pela frente. “As indústrias já estão dando uma atenção maior à poluição e, na medida em que o esgoto é coletado e tratado, a tendência é ter uma melhora na qualidade do Rio. Entretanto, o esgoto doméstico ainda é lançado em grande escala”, pontua.
De acordo com balanço feito pela Cetesb, o índice de esgoto tratado no Estado de São Paulo passou de 51% para 55% entre 2010 e 2011. Mogi das Cruzes, por enquanto, está abaixo dessa média, com apenas 42,5% de esgoto tratado, segundo a bióloga. Mesmo assim, ela afirma que esses indicadores estão aumentando.
O resultado prático dessas ações no Tietê ainda é uma incógnita. “É um trabalho de longo prazo. Apesar de ainda não termos notado mudanças, a tendência é termos algo positivo no futuro”, fala. Apesar disso, ela também não acredita que um dia seja possível a captação de água para consumo em qualquer parte do Tietê por conta do comprometimento com a poluição. “Não vou dizer que seja impossível, mas é algo extremamente difícil de vir a acontecer”, avalia.
Fonte: Diário de Mogi